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Entrevista com Leandro Barbosa - Leandrinho NBA


Sempre sorridente, Leandrinho chegou e cumprimentou a todos que o aguardavam. Ao parar pela equipe da Locomotiva ficou surpreso ao saber que éramos de Bauru, “Serio que vocês são de Bauru? Que legal, tão longe, hein molecada”. Conversou com membros do Rio Claro e foi ao vestiário se trocar. Já vestido, atendeu a emissora de tv local, um jornal e a Loco.

Simpático, conversou por quase 15 min com cada veiculo, contou sobre a experiência de ser campeão da NBA, seleção brasileira, Bauru Basket, Rio Claro e vida pessoal. Apesar de todos os problemas envolvendo sua saída, ainda guarda boas lembranças, “Amo Bauru, amo a torcida, me identifico”. Atencioso, humilde, depois de um tempo conversando quase esquecemos que estamos falando com um campeão da maior liga de basquete do mundo e melhor sexto homem da temporada 06-07.

Durante o treino Leandrinho conversou bastante com Gui (talento lapidado em Bauru, assim como o mesmo), deu dicas e brincou com o time todo, participou dos fundamentos e do famoso rachão. Sem treinar desde o título, cansou após 20 minutos e sentou para descansar. Fica um imagem positiva do craque que tirou fotos e atendeu os fãs presentes.

O tempo, apesar de curto, foi muito bem aproveitado. Confira o bate-papo exclusivo feito durante sua passagem nos treinos em Rio Claro:

GC: Uma duvida que surgiu, por que Rio Claro? Podia treinar no Pinheiros, Flamengo, no próprio Bauru? O que houve?

LB: Tenho um amigaço que é daqui, que mora aqui, que ajuda o time que é o Emerson. É um grande amigo meu, a gente sempre tá junto, ele sempre tá nos EUA, vendo meus jogos, vendo outros jogos. A gente tem uma intimidade muito bacana. Quando eu comentei com ele que precisava treinar, pra voltar na pré-temporada, ele me convidou na hora pra vir pra cá, aí eu nem pensei em outro time pra poder treinar e aqui a equipe tá indo muito bem, Marcelo tá fazendo um grande trabalho com o time. Então, eu acho que não seria nada mais nada menos do que uma boa coisa pra mim, pra poder correr. Ontem (segunda, 14 de setembro) foi minha primeira vez batendo bola, tô parecendo um vegetal na quadra.

GC: Desde o título?

LB: É...foram férias bem longas, a primeira que eu tirei. Tô correndo aí, os meninos correm pra caramba, acho que isso tá sendo muito bom pra mim.

GC: NBA. Você foi campeão, mas o projeto continua firme, mesmo tendo trocado o David Lee para o Celtics, você assinou um novo contrato de um ano, o que espera dessa temporada? Vai dar pra chegar de novo?

LB: Com certeza, a gente vai chegar, isso não tem nem dúvidas. O processo vai ser o mesmo, jogar do jeito que a gente vem jogando fazer do nosso jeito, que é jogar do jeito que a gente gosta. A pressão já não vai ser a mesma. A gente sabe como foi, sabe o que tem que fazer pra chegar, fomos até a final. Então, aquela ansiedade, aquela vontade de querer ganhar todos os jogos, pode ser que não tenha nesse ano, pelo fato de saber como é e como a gente tem que jogar. É uma temporada longa, acredito que esse ano tanto o Klay (Thompson) quanto o Curry (Stephen) não vão jogar tantos minutos. Vai guardar pra playoffs. Então, muita coisa vai mudar nessa temporada e na hora que a gente tiver que chegar mesmo, como San Antonio Spurs vem fazendo há muitos anos, eles ficam meio relaxados na temporada regular até o All Star, aí, quando chega o All Star, é quando eles começam a subir degrau a degrau, pra poder chegar nos playoff. É um time veterano que sabe, a gente aprendeu muita coisa.

GC: Bauru montou um projeto legal, contratou bastante jogador de seleção, chegou na final e acabou perdendo, você tem acompanhado NBB?

LB: Acompanhei as finais, me deixou surpreso pelo fato de ter montado um timaço e o Flamengo ganhou de um jeito inexplicável. Mas acho que Bauru tem seus motivos, tava jogando muitos campeonatos, pode ter fatigado, eu acredito. Mesmo assim, eu apostei em Bauru até o final. Falei que Bauru ia ganhar. Aí, perdeu o primeiro jogo e continuei falando ‘Tô com Bauru’, vai ganhar. Aí, perdeu o segundo, falei ‘Nossa’, fiquei surpreso. Mas a gente não sabe o que aconteceu lá dentro, a gente não sabe o que acontece, com as fases do campeonato, jogando ali, jogando aqui, ainda mais com o time que eles tavam. É torcer pelo Mundial. É um campeonato muito importante, muito difícil. Perdeu o Murilo... Real Madrid, o time é bom. Mas Bauru é bom também. Vão fazer um jogo bem truncado, tamo torcendo, tão representando o Brasil.

GC: Ainda falando de NBB. Você teve uma passagem pelo Flamengo, foi meio curta. O Flamengo é o atual tricampeão do NBB. Nesses pouco meses que ficou lá, você sabe porque o projeto do Flamengo tá dando tão certo e se ele vai ser duradouro ou é uma coisa passageira?

LB: A tendência é sim ser duradoura. É um projeto que já vem sendo feito há bastante tempo, os jogadores estão lá há bastante tempo juntos. A gente vê que Bauru formou esse projeto só agora, é recente. Surgiu com a ida do Murilo pra lá. Bauru tá começando o projeto, então, são muitos jogadores bons, que nas outras equipes eram o cara e hoje, numa bola decisiva, tem que passar. Então, acaba acontecendo isso, é normal, é o começo de um grande projeto que eles tão fazendo. Bauru entrou com uma estrutura muito forte, muito boa...em termos financeiros também e que acho que vai dar resultado. Agora, o time do Flamengo, é o que eu falei, é um projeto que já vem faz um bom tempo, logo que começou NBB eles foram campeões. Então, é a mesma coisa que foi Brasília. Entendeu? Foi, foi, foi e teve uma hora que eles ganhavam, ganhavam, ganhavam. Então, eu acho que é normal, entendeu? Flamengo já tá há um bom tempo junto e cada ano que passa eles tentam melhorar estrutura. Já receberam o da (Rafael) Luz, que tava no Pan-Americano, é um menino que vai ser muito importante. Perdeu o Benite, mas recebeu o da Luz, então, querem dar continuidade no trabalho. Vamos ver o que vai dar nesse NBB.

GC: Falando um pouco de Bauru. Você teve aquela passagem que foi muito importante pra você e pra cidade, mas o que a gente sente ainda é que não existe uma conexão Leandrinho-Bauru. Tem o boato de que ainda tem processo rolando. Existe alguma mágoa sua com Bauru?

LB: Não, não existe nenhuma. Só acho que o que aconteceu não deveria ter acontecido. Infelizmente, me colocaram na justiça, e eu simplesmente me defendi. Bauru é uma cidade que eu amo muito e isso me deixa muito chateado pelo que aconteceu, porque sempre que saí de Bauru sempre tinha vontade de voltar em Bauru. E eu nunca voltei pelo fato de ter acontecido isso. Nós tentamos conversar, a gente tentou entrar em acordo, situação que não precisa entrar em justiça. Eles não quiseram papo, não quiseram conversar e, infelizmente, entrou na Justiça. Não precisava. Meio que acabou prejudicando o time em algumas situações e aí, depois que eles quiseram conversar e entrar em acordo, na época, minha mãe era viva, não quis entrar em acordo, porque quando a gente correu pra conversar não colaboraram, então, isso pra mim é muito chato, fico bastante triste. Gosto muito de Bauru, gosto muito da torcida, da população, é uma cidade que combina muito comigo, tudo aconteceu ali pra mim, infelizmente aconteceu essa situação. Fico muito machucado por ter muitos amigos em Bauru que jogam comigo, que tenho vontade de ir lá, assistir jogos e tal, porque eu gosto de assistir, mas, infelizmente, fico com receio por causa disso.

GC: Então, esperar alguma coisa sua aqui é muito difícil? Pro futuro...

LB: Não é questão de ser difícil. É o que eu falei, o que aconteceu não precisava ter acontecido, entendeu? Então, eu não sei qual foi a intenção deles de querer ir pra justiça. Na minha opinião, na opinião da minha família, seria legal Leandrinho sair de Bauru e ir pra NBA, entendeu? Isso não foi visto...

GC: Pensaram só no time né...?

LB: Exatamente, e isso me deixou bastante chateado... não sei, já tive bastante vontade de voltar pra Bauru e jogar, que foi de onde eu saí, queria terminar no Bauru. Mas hoje eu não sei, entendeu? Não sei o que passa na cabeça do pessoal, não sei o que passa na cabeça da pessoa leiga que mora em Bauru, entende? Às vezes, a pessoa não sabe o que acontece e acha que é maldade minha. Eu realmente amo Bauru, sempre amei, sempre tive vontade de voltar lá. Tava conversando com um cara, que morou e jogou lá, encontrei com ele em São Paulo, a gente bateu esse papo, até soltei um pouquinho disso, tava preso dentro de mim, expliquei pra ele tudo que aconteceu e tal. Ele falou: “Poxa, é até triste, muita gente quer que você vá pra lá, pra visitar”. O fisioterapeuta, o Enderson, é um cara que a gente se encontrava direto, fazia churrasco e perdemos contato. Poxa, isso me deixa um pouco chateado.

GC: Olimpíada tá chegando. Você deve ser convocado, o ouro é difícil, a gente sabe disso, mas tem time pra chegar. Como você vê essa geração do Brasil que tá chegando agora? Quem são os principais concorrentes a essa possível medalha olímpica?

LB: Eu acho que a nossa geração é muito boa, uma geração que vem há muitos anos tentando uma medalha, um bom resultado. A gente não conseguiu. Nada mais nada menos, ter a oportunidade jogar uma Olimpíada dentro do seu próprio país é uma coisa maravilhosa pra todos nós. A gente sabe que vai ser muito difícil, vão ter muitos times que vão vir com o mesmo objetivo, EUA vem com time muito forte, França vai classificar lá, acredito que a Sérvia também, tem Espanha, saem só dois da Europa e acredito que venha Sérvia e França mais outro pela repescagem. Vão ser times que vão vir com o mesmo objetivo que o nosso, o nosso um pouquinho maior por jogar dentro do próprio país, entendeu? A gente quer fazer bonito, a gente já tá com idade de veterano, queremos fazer um campeonato para elevar o nível do nosso basquete.